PLANETAS

    Após 60 anos de suspeitas, provou-se que o núcleo da Terra não é composto por rocha derretida. É uma bola sólida de ferro-níquel de 2.400 quilômetros de diâmetro. O resultado foi obtido por sismologistas da Northwestern University e da Comissão de Energia Atômica da França. Eles estudaram as ondas sísmicas provocadas por vários terremotos profundos e que vararam o planeta em todas as direções. Os geólogos prevêem desde os anos 30 que, apesar das temperaturas de milhares de graus do interior do planeta, a extrema pressão lá existente solidificaria seu núcleo.

    Há limites para o crescimento: Júpiter, por exemplo, cuja massa é 317,9 vezes a da Terra, não poderia ser muito maior do que já é: calcula-se que se fosse acrescentado mais massa a Júpiter, a fantástica pressão que hoje existe no interior do enorme planeta chegaria rapidamente a um ponto em que começaria a esmagar os átomos, iniciando uma reação termonuclear que o transformaria numa estrela.

    O céu da Terra é azul porque as moléculas de nitrogênio e oxigênio, que formam a maior parte do ar de nosso mundo, filtram o componente azul da luz solar; já em Marte, o céu é cor-de-rosa; em Urano, verde; em Vênus, amarelo-laranja; em Júpiter, preto sem estrelas; em Plutão, preto com estrelas.

    Se fôssemos documentar a história da Terra, desde seu nascimento, dia após dia, ano após ano, num único volume de exatamente mil páginas, cada página cobriria 4 milhões e meio de anos; as primeiras 250 páginas descreveriam o aparecimento das condições propícias à vida; a Idade dos Dinossauros exigiria umas trinta páginas; somente na pág. 984 apareceria o primeiro mamífero; a linguagem Homo viria no fim da penúltima página; e - testando ao máximo nossa capacidade de síntese - tudo o que aconteceu desde a pintura nas cavernas até as viagens espaciais teria de ser condensado na palavra final.

    O Sol, distante 149 milhões de quilômetros da Terra - ou, mais precisamente, 149.641.827 quilômetros - é a sede de reações termonucleares que transformam 564 milhões de toneladas de hidrogênio em 560 milhões de toneladas de hélio por segundo: os 4 milhões de toneladas que sobram produzem uma irradiação eletromagnética que se espalha através do espaço - inclusive em forma de luz e calor - em todas as direções.

    Todos os anos, em dezembro, a Terra atravessa uma espécie de cauda (semelhante a um cometa) que acompanha o Sol, constituída de hélio e aquecida a 10.000° C; mas não nos damos conta disso por causa de sua baixíssima densidade (10.000 átomos por metro cúbico).

    A Terra está sofrendo lenda diminuição de sua velocidade de rotação: o dia torna-se 1 segundo maior a cada 100.000 anos; o cálculo não deixa de ter alguma importância pois, se esse ritmo de diminuição tem sido constante, o dia na Terra era de apenas 12,7 horas quando ela se formou.

    Jamais foi avistado qualquer planeta fora do sistema solar, porém há indícios de que existam, e aos bilhões, somente na Via Láctea: o movimento da estrela de Barnard, por exemplo, sofre perturbações misteriosas, pela ação provável de planetas.

    Ao passar a apenas 900 km da Terra, em dezembro de 1990 - de volta de um giro em torno de Vênus e rumo a Júpiter - a moderníssima sonda americana Galileo, em perfeito funcionamento, captou não só a existência de uma cratera no Pólo Sul, como também o processo de formação das auroras polares: mas não o captou qualquer sinal de vida inteligente no planeta.

    A Terra faz uma trajetória de 965 milhões de quilômetros em torno do Sol, todo ano: se representarmos essa trajetória pelo contorno de uma cabeça de alfinete, o Sol passaria a um diminuto átomo de poeira de 1/3 400 de polegada de diâmetro, e a Terra a um átomo 1.300.000 menor, impossível de ser visto mesmo com o microscópio mais poderoso (nessa escala, a estrela mais próxima, Alfa de Centauro, ficaria a 205 metros).

    A Lua que vemos é a de poucos segundos atrás - tempo que a luz demora para percorrer a distância entre ela e nós; Vênus está a mais de 2 minutos; o Sol cerca de 8 minutos; Netuno, a 4 horas; e a estrela mais próxima - Alfa de Centauro - a 4 anos e 3 meses.

    Aplicando-se as leis da gravitação aos cometas, podemos rastrear suas órbitas no tempo e, ao fazê-lo, chegamos à conclusão de que todos os cometas aparentemente se originaram há 4 milhões de anos, num único ponto situado entre Marte e Júpiter - vale dizer, no ponto onde se supõe que já houve um décimo planeta (também previsto pela lei de Bode) na órbita que hoje é ocupada por um enorme cinturão de asteróides (possíveis fragmentos).

    A Lua tem um raio de 1.738 quilômetros e o Sol, cerca de 400 vezes maior, tem 696.000 quilômetros : como o Sol está 400 vezes mais distante, Lua e Sol parecem do mesmo tamanho para os observadores terrestres.

    Se acaso eclodir na Terra uma guerra nuclear, as condições meteorológicas do planeta tenderão a se aproximar das de Marte (a teoria do "inverno nuclear", que sucederia a um conflito atômico, foi desenvolvida com base nas observações de Marte); se, contudo, prevalecer a paz, e o crescente desenvolvimento industrial, a meteorologia da Terra - devido ao "efeito estufa" e à "chuva ácida’ - deverá se aproximar da de Vênus, onde chove ácido sulfúrico e a temperatura vai a 400° C.

    ESTRELAS

    A estrela Antares e tão grande que, se estivesse na posição do Sol, sua esfera açambarcaria às órbitas de mercúrio, Vênus, Terra e Marte.

    Segundo pesquisas científicas, as estrelas nascem da condensação de gases e poeira cósmica, comprimidas através de sua própria força gravitacional. À medida em que essa compressão aumenta, seus núcleos se aquecem. Reações nucleares acontecem, dando início à fusão nuclear do hidrogênio, principal componente de uma estrela. Esses astros transformam-se então em bombas H colossais, que mantém-se queimando ao longo de bilhões de anos. Na medida em que o hidrogênio vai-se esvaindo, uma estrela trona-se mais quente no núcleo e mais fria na superfície, expandindo-se e avermelhando, tornando-se o que chamamos gigante vermelha. Quando finalmente todo o hidrogênio termina, uma estrela grande o suficiente, explode numa gigantesca e brilhante supernova, enquanto as menores comprimem-se sobre si mesmas, forçadas pela própria força de gravidade, transformando-se em anãs brancas.

    A exemplo disso, na constelação do Cão Menor, encontra-se uma pequena estrela chamada Cachorro. Estrala de pequenas dimensões, possui um núcleo tão denso que uma porção do mesmo suficiente para encher uma pequena caixa de fósforos pesaria mais de 50 toneladas. A estrela +708247, com metade do tamanho da Terra, tem uma massa de 38 toneladas por centímetro cúbico. Uma anã branca, por sua vez, é uma estrela próxima da extinção, por não possuir meios de se manter. Seguidamente, ela se contrairá numa estrela de neutrons, tão densa que pode chegar a pesar 1 bilhão de toneladas por centímetro cúbico.

    Observando-se a rotação de 28 estrelas similares ao Sol, astrônomos constataram que 17 delas giram, em média, 2,5 vezes mais rápido que nosso Astro-rei, isso levou-os a supor que elas não possuem planetas - pelo menos não tão grandes como Júpiter e Saturno - pois a lentidão do Sul em girar deve-se à transmissão de seu movimento aos planetas, que detêm cerca de 99% da quantidade de movimento do sistema solar.

    Parece certo não haver perigo de o sol explodir, no fenômeno conhecido como supernova: sua constituição indica que deverá um dia transformar-se numa "gigante vermelha", o que também não será muito confortável para os habitantes da Terra, pois ele crescerá tanto que sua superfície deverá chegar até a órbita de Vênus.

    O maior mistério dos quasares - os corpos celestes mais distantes até hoje descobertos - é imaginar como pode ser libertada tanta energia (a partir de um ponto relativamente pequeno) que chega a ser registrada aqui na Terra a uma distância descomunal de 15 bilhões de anos luz.

    Se acaso uma das 300 estrelas que estão no espaço contido dentro de 35 anos-luz do Sol explodisse (supernova), só o saberíamos muitos anos depois, porém de forma espetacular: em questão de horas, ela se tornaria um objeto mais brilhante que o Sol, de uma luz-branca, cegante como um arco de solda elétrica; durante a "noite" haveria um "dia" azulado, irreal, as pessoas assumindo uma cor cadavérica; a tremenda radiação em breve oxidaria o nitrogênio da atmosfera; os óxidos daí resultantes consumiriam todo o ozônio da atmosfera, que nos protege da radiação ultravioleta; a essa altura, metade das pessoas já estariam cegas; em questão de meses, toda a vida desapareceria da superfície terrestre e só restariam os vermes dos abismos marinhos para começar tudo de novo.

    Os cosmologistas estimam que, um segundo após o Big Bang - a grande explosão primordial que deu origem ao Universo - o planeta de que se formaria toda a matéria fervia a uma temperatura de 10 bilhões de graus centígrados - cerca de 500 vezes mais quente que o núcleo do Sol; contudo, em termos relativos, isso representou um tremendo e rápido resfriamento: calcula-se que a temperatura, frações de segundos após o Big Bang, era superior a um trilhão de trilhões de graus.

    Os pulsadores são pontos no espaço - possivelmente estrelas de nêutron só localizáveis por radiotelescópios, que emitem microondas com uma estonteante regularidade: o primeiro a ser descoberto pulsa a intervalos de 1 1/3 segundos, mais precisamente, 1,33730109 segundos; o período mais longo de um pulsar até hoje localizado é de 3,75491 segundos; o de menor período pulsa 30 vezes por segundo - mais precisamente a cada 0,033099 segundos.

    VIA LÁCTEA

    A Via Láctea, com cem mil anos-luz de diâmetro, consiste numa vasta reunião de 200 bilhões de estrelas, das quais o Sol é uma delas: durante muito tempo, foi considerada como sendo o "universo"; mas depois descobriram-se galáxias do mesmo tamanho, como a Maffei; maiores, como a Andrômeda *um trilhão de estrelas) e até galáxias-anãs com a ninharia de 200 mil estrelas; admite-se hoje que haja milhões, talvez bilhões, de outras galáxias por aí.

    A Via Láctea tem sido chamada de "pizza giratória", não só por causa de sua forma mas porque ela gira uma vez em cada 225 milhões de anos.

    Os "buracos negros" são regiões no espaço que possuem influência gravitacional tão gigantesca que "sugam" toda a matéria a seu redor (inclusive a luz) remetendo-a, possivelmente, ao ... passado; a partir daí, criou-se a hipótese dos "mini buracos negros", de poucos centímetros de diâmetro e destrutividade indescritível; e também a dos "buracos brancos", através dos quais a matéria - ao contrário do que ocorre com os "buracos negros" - é despejada no Universo através de um jato cósmico; contudo, embora os "buracos negros’ sejam uma engenhosa construção teórica, que explica muita coisa, nunca foi provado que existiam de fato.

    Entre a partida e o regresso de um foguete tripulado que viajasse até Andrômeda (a galáxia mais próxima da Via Láctea) a uma velocidade próxima da luz, terão transcorrido, para o astronauta, pouco mais de seis anos; mas, para seus parentes que ficaram lhe aguardando, terá se passado a bagatela de quatro milhões de anos.

    Existem outras estrelas que tenham sistemas planetários iguais ao Sol?

    Sim. Como os planetas quase não emitem radiação (se comparados com as estrelas), uma das únicas formas de serem detectados orbitando em torno de uma estrela é pela perturbação gravitacional que causam nela. Para que tal perturbação seja mensurável, é preciso que as massas desses planetas sejam relativamente grandes. Os planetas já detectados fora do sistema solar são enormes, com massas comparáveis à de Júpiter ou ainda maiores. Para se ter idéia das dificuldades dessas medidas, imagine que estivéssemos em Alfa Centauri, a estrela mais próxima do Sol, situada a apenas 4,24 anos-luz de distância de nós (a luz leva 8 minutos e 19 segundos para viajar do Sol à Terra, à velocidade de 300.000 km/s). Mesmo com os equipamentos mais avançados que temos hoje, não conseguiríamos descobrir que o Sol tem Júpiter ao seu redor, muito menos a Terra. A perturbação gravitacional que Júpiter, o gigante de nosso sistema, provoca no Sol é muito menor que o mínimo que conseguimos medir atualmente. Observado de Alfa Centauri, Júpiter estaria a meros 4 segundos de arco do Sol. Embora possamos medir separações até 50 vezes menores (algo como o diâmetro de uma moeda de R$ 1,00 visto a mais de 60 km de distância), Júpiter seria algumas centenas de milhões de vezes menos brilhante que o Sol, impedindo que fosse distinguido a seu lado. As emissões de rádio que produzimos diariamente (sinal de vida inteligente) são muito mais fracas que as emissões naturais do Sol, e também estas não seriam fáceis de detectar com nossos melhores equipamentos. Apesar dessas dificuldades, conhecemos, além do Sol, várias estrelas com planetas. Um exemplo é a estrela de Barnard, que tem pelo menos dois planetas com períodos de 13,5 e 19,0 anos e massas de 0.7 M(Júpiter) e 0.6 M(Júpiter) -- 70% e 60% da massa de Júpiter --, respectivamente. Há algumas dezenas de estrelas que já tiveram planetas identificados pelas irregularidades de seu movimento no céu. Uma curiosidade é que, no sistema solar, perto de 99% de sua massa está concentrada no Sol, enquanto que mais de 98% da quantidade de rotação do sistema está armazenada nos planetas. Por isso, o Sol é uma estrela que gira muito lentamente em torno de si mesma. E é comum encontrar estrelas com massas e temperaturas semelhantes às do Sol que também giram devagar. É possível que esses sistemas também tenham armazenado sua quantidade de rotação em sistemas planetários, mas isso ainda é muito difícil de comprovar.

    Luiz Paulo Ribeiro Vaz Laboratório de Astrofísica da UFMG

    Curiosidades:

    Galileu construiu seu próprio telescópio sem nunca ter visto um: bastou-lhe a descrição do instrumento (surgido na Holanda, por volta de 1600) que aparecera em Veneza.

    Um amigo de Isaac Newton, o astrônomo, também, inglês, Edmond Halley, afirmou que o cometa por ele observado em 1682 era o mesmo de 1607, 1531 e 1456 - e que os chineses já o haviam registrado desde 240 a.C. - e previu sua volta para 1758: morreu 17 anos antes do dito cujo reaparecer, em grande estilo, na data prevista: ainda hoje, o Halley é a vedete entre os cometas.

    Em março de 1989, um asteróide de 815 metros de diâmetro (mais tarde batizado de 1989 FC) passou "raspando" a Terra, a uma distância apenas duas vezes maior da que a separa da Lua; se caísse no mar, o resultado seriam ondas de 100 metros de altura que engoliriam as regiões costeiras; se caísse em terra firme, a crosta do planeta se fenderia, provocando terremotos e erupções vulcânicas; milhões de toneladas de sólidos seriam arremessadas ao espaço, e reentrariam na atmosfera provocando chuvas de fogo; além disso, o barulho da queda de um asteróide é tão forte que mata todas as criaturas no raio de ação da onda de choque; a vibração pulveriza os ossos e cozinha instantaneamente a carne, como um imenso forno de microondas (o impacto de um asteróide de 2,5 quilômetros de diâmetro - que atinge a Terra, em média, a cada milhão de anos - produz uma explosão equivalente a um trilhão de toneladas de dinamite.

    Estima-se que, a cada milhão de anos, três asteróides de pelo menos um quilômetro de diâmetro colidam com a Terra (escavando uma cratera de 13 quilômetros de diâmetro); em fins de 1990, foi descoberta a maior do planeta, de 177 quilômetros de diâmetro, na península de Yucatán, no México (a maior era a do lago Acraman, na Austrália, de 160 quilômetros): como o impacto ocorreu há 65 milhões de anos, tornou-se a hipótese mais verossímil sobre a extinção dos dinossauros.

    Meteoros e meteoritos aumentam a massa da Terra em dezenas de milhares de toneladas todos os anos; e os raios atingem o planeta cerca de 200 vezes por segundo.