Cuidado com a umidade!

    Excesso de vapor de água no ar é maior inimigo do alérgico

    AURA PINHEIRO

    O frio do inverno pode ser agradável para todos (ou quase), sobretudo após um escaldante verão. Mas o excesso de umidade no ar - isto é, a grande quantidade de vapor de água presente, como explica o professor Francisco Radler de Aquino Neto, do Instituto de Química da UFRJ - é o maior inimigo dos alérgicos. Ácaros, fungos e outros vilões causadores de espirros, coceiras e asma proliferam na umidade da atmosfera carioca - que, nesta época, chega a mais de 90%. Além disso, o excessivo vapor de água deixa o organismo mais suscetível a outras complicações - como os reumatismos. Se é possível limpar a poeira - também nociva aos alérgicos -, como eliminar a umidade, que é muito pior?

    "Ao inalarem ácaros e fungos, os alérgicos podem apresentar sinusite, rinite e asma brônquica, entre outras manifestações alérgicas", diz o médico Carlos Alberto de Barros Franco, chefe do serviço de pneumologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ.

    Além de manter os cômodos da casa arejados, forrar colchões e travesseiros e evitar objetos que facilitam o acúmulo de mofo ou poeira - como tapetes, cortinas, cobertores de lã e bichinhos de pelúcia -, é recomendável o uso de desumidificadores e a aplicação nos tapetes, pelo menos uma vez por semana, de soluções contra o ácaro, como o benzoato de benzila.

    Os abençoados desumidificadores - capazes de transformar a umidade contaminada em litros de água livre de bactérias - tornam o ambiente mais seco e ideal para o alérgico, isto é, com a umidade do ar reduzida para algo entre 50% e 60% - o que ajuda muito, mesmo que seja apenas no quarto de dormir. O chefe do serviço de dermatologia da Santa Casa de Misericórdia, Rubem David Azulay, diz que o clima úmido, embora traga a sensação de amenidade, também pode ser bastante prejudicial à pele. "A penetração dos raios solares na pele é maior em clima úmido, aumentando as chances do câncer de pele."

    Quando há muita umidade no ar, o organismo exige um metabolismo maior para se adaptar ao ambiente. Segundo o clínico geral Roberto Leal Boorhem, especialista em fitoterapia e acupuntura, as plantas conhecidas como medicinais tônicas - entre elas, o ginseng - melhoram a capacidade de adaptação às mudanças externas.

    E além das ervas que aquecem o organismo - como o cravo e o gengibre -, Roberto receita uma alimentação livre de gorduras (que dificultam o processo digestivo) e rica em temperos, como pimenta do reino, gengibre, canela e cravo. Eles ajudam a reduzir o acúmulo excessivo de líquido no organismo. Já o reumatismo pode ser combatido com ervas como o chapéu-de-couro e a garra do diabo.

    O alergista Gilberto Pradez lembra que os chamados alergenos (que causam alergia, como ácaros e fungos), se ingeridos, também podem desencadear alergias na pele e problemas gastrointestinais, como cólicas e diarréias.

    "Além da prevenção, a imunoterapia ativada (um tratamento com vacinas contra alergias de alta potência) é indicado para os efeitos do excesso de umidade no ar", diz Gilberto. O homeopata Carlos de Faria lembra que há uma solução oral homeopática específica para aumentar a resistência orgânica contra ácaros, fungos e mofos.