Sanduíche rápido, prático e barato

    Ícone da ‘fast food’, o hambúrguer tártaro conquistou o mundo

    AURA PINHEIRO

    O hambúrguer conquistou o paladar dos Estados Unidos em 1904. Na Feira Mundial de Saint Louis, em Missouri, multidões experimentaram pela primeira vez a iguaria que, na carona da explosão industrial do país, virou uma espécie de ícone da fast food - um alimento rápido, prático e barato.

    Trinta anos mais tarde, o hambúrguer se transformou em símbolo da cultura americana e ganhou o mundo. Ele é o último destaque da série especial Objetos do Século, lançada em outubro pelo Estilo de Vida. Embora não tenham sido registradas aqui, outras criações também foram votadas pelo Vida, como geladeira, ar-condicionado, carro, computador, avião, ventilador e calculadora de bolso.

    Antes mesmo da Feira de Saint Louis, imigrantes alemães embarcados no porto de Hamburgo - daí o seu primeiro nome, hamburg steak - levaram o bife para os Estados Unidos, ainda na segunda metade do século XIX. Tratava-se de uma comida rústica. E os primeiros a saboreá-la, de fato, nos Estados Unidos, foram os marinheiros. Aproveitavam a praticidade do hambúrguer para mastigar algo enquanto trabalhavam.

    Mas a origem do hambúrguer é ainda mais remota. Segundo a história, os tártaros - tribos nômades guerreiras que habitaram as estepes russas nos séculos XII e XIII - foram os primeiros a apresentar o hambúrguer aos hamburgueses.

    Os cavaleiros tártaros introduziram na Europa uma curiosa técnica de moer carne dura e de má qualidade, levando-a crua, sob a sela, quando galopavam em suas viagens. Assim, na hora de comer, a carne já tinha se transformado em pasta. O famoso bife tártaro de nossos dias nada mais é do que carne moída crua temperada e misturada a uma gema de ovo igualmente cru.

    Curiosidades à parte, os americanos começaram a popularizar o hambúrguer a partir da década de 20. Foi quando surgiu a primeira cadeia de lanchonetes do país, a White Castle. Seu hambúrguer, porém, tinha fama de insosso: era cozido no vapor e cheio de cebola. Mas o preço, US$ 0,5, compensava. Por seu efeito laxante, ganhou na época o apelido de "escorregador".

    Mais tarde, os drive-ins dos anos 30 trouxeram mais qualidade e popularidade à venda de hambúrgueres. Os clientes já faziam seus pedidos usando os telefones das cabines do estacionamento.

    Aliás, um desses drive-ins foi o responsável pela revolução no mundo do fast-food: uma sociedade dos irmãos Dick e Maurice McDonald, na cidade de San Bernardino, na Califórnia. Em 1948, os irmãos McDonald resolveram investir em um novo conceito de lanchonete, que primava pela organização, atendimento ágil e eficiente. Impressionado com o sucesso da fórmula, o representante comercial Ray Kroc comprou a licença da lanchonete dos irmãos McDonald para criar, em 1955, o primeiro restaurante da maior rede do mundo em serviço rápido.

    Dos Estados Unidos, o hambúrguer chegou ao mundo. Hoje, o bife de carne moída entre duas metades de pão redondo pode ser encontrado em lugares tão distintos como Austrália, Índia, Rússia e Japão. E é adaptado à cada cultura. Nos países de religião muçulmana, as lojas do McDonald’s fecham quatro vezes por dia para preces e possuem caixas registradoras e salões separados para mulheres solteiras e famílias. Na Índia, a carne de boi é substituída por filé de carneiro. No Brasil, as lanchonetes começaram a chegar em 1952, quando o tenista americano Robert Falkemburg abriu o primeiro Bob’s em Copacabana, no Rio.

    Para se ter uma idéia do enorme consumo de hambúrgueres, em torno de 4 milhões de unidades são vendidas a cada semana no mundo. Nos Estados Unidos - campeões desta popularidade -, a média é de três sanduíches por pessoa, a cada semana.

    O McDonald’s já se arriscou a calcular o total saído de suas cozinhas: mais de 13 milhões de hambúrgueres, cada vez que a Terra dá uma volta completa em redor de seu eixo. Ou seja: cerca de 145 unidades por segundo!