Sexto sentido já não assusta psicólogo

    Há coisas que a ciência não explica. Como o fato de aquele amigo que não se via há anos ligar no justo momento em que se estava pensando nele. Alguns explicam o fato recorrendo ao acaso. Outros, ao famoso sexto sentido - o mesmo que recentemente foi parar num filme de M. Night Shyamalan, com Bruce Willis e o astro-mirim Haley Joel.

    Para o parapsicólogo César Cruz, algumas pessoas realmente desenvolvem - além de visão, olfato, tato, paladar e audição - faculdades como a capacidade de adivinhar as coisas, curar ou entrar em contato com espíritos, pela psicografia. "Mas o que eu chamo de paranormalidade e outros rotulam de sexto sentido também pode se manifestar de forma mais sutil."

    Segundo César, forças como a intuição e a telepatia nunca devem ser desprezadas. "Cada pessoa tem seu padrão de vibração energética. Alguém pode estar indo mal no trabalho, porque no local onde se senta passa uma tubulação de rede elétrica ou de água, que pode estar interferindo em seu padrão. Um empresário pode até se valer desses conhecimentos para levar adiante a sua empresa", sugere.

    Se o sexto sentido é uma habilidade surpreendentemente apurada em algumas pessoas, os grandes gênios da arte também têm certo grau de paranormalidade. "Os índios de uma tribo consideram que seu pajé tem uma conexão com Deus. Já eu chamo isso de paranormalidade", diz César.

    O sexto sentido - também conhecido como sensitividade ou paranormalidade - exige treino. "Quando crescem, as pessoas tendem a embotar este lado da intuição. É importante que aqueles que desejam desenvolver sua paranormalidade descubram qual o estado que devem buscar para que a manifestação aconteça. Meu ponto de equilíbrio, por exemplo, eu só atinjo em contato com a natureza", conta o parapsicólogo, que diz ter vivenciado estranhas coincidências em sua infância. "Sonhava com coisas que depois ocorriam", revela.

    Assim como um poeta precisa estar inspirado para escrever, César explica que as pessoas que apresentam algum grau de paranormalidade precisam estar bem para que ela aflore. "Por isso, os curandeiros vivem isolados." Ele conta, também, que já tratou uma criança que, como o personagem do filme, sofria por não saber controlar sua paranormalidade. "Ela adivinhava coisas e, por isso, não se adaptava na escola."

    Histórias como esta o psicanalista Adolpho Hoirisch não chegou a viver. Mas ele confirma a existência de um sexto sentido, ao qual as crianças e os chamados psicóticos são mais vulneráveis. "O que Freud denominava telepatia outros autores chamam de comunicação não verbal ou extra-verbal. Os psicóticos, por exemplo, percebem com facilidade quando os estudantes de medicina estão com medo, nervosos."

    Assim como Adolpho, o psicanalista Alberto Goldin também destaca as potencialidades do inconsciente para explicar parte desses fenômenos. "Ainda não se conhece o enorme potencial do inconsciente para captar coisas. Talvez exista mesmo um certo poder de telepatia. Mas faz parte da caixa preta que não conseguimos abrir", diz. Alberto acredita que o progresso acelerado da ciência - e a invenção de coisas antes inimagináveis, como o celular - torna o ser humano mais receptivo à existência de forças aparentemente inexplicáveis.