Cientistas franceses desenvolvem "gota esperta" que não respinga - Produto evita perda de até 50% de herbicidas

ISABEL GERHARDT

    Cientistas da França encontraram a solução para acabar com o eterno problema do respingo -ao menos na agricultura. Adicionando um ingrediente à água, conseguiram aumentar a viscosidade de gotas na proporção correta para evitar que ricocheteiem ao bater num objeto.
    Mais de 50% dos herbicidas e pesticidas são perdidos devido ao respingo no momento da aplicação. Esse desperdício, que contamina rios e solos, poderá terminar com a adição de um polímero -substância formada pela ligação em cadeia de moléculas idênticas ou similares,     assim como um trem e seus vagões- à fórmula.
    Ao atingir a folha de uma planta, a gota de agrotóxico se expande e se achata. Como as plantas têm uma espécie de cera repelente, a gota se contrai para minimizar o contato com a superfície da folha. A contração é tão rápida que parte da gota é ejetada de volta, caindo no solo.
    Os pesquisadores da indústria química Rhodia e da Escola Normal Superior de Paris desenvolveram um polímero que, quando adicionado à água, diminui a velocidade de contração da gota. A pesquisa sai hoje na revista "Nature".
    "O polímero funciona como uma mola que não quer ser esticada. Ao adicioná-lo à água, o movimento de alongamento da gota torna-se mais difícil. Há um aumento da viscosidade da gota", disse à Folha Daniel Bonn, um dos autores do estudo.
    O tipo de polímero utilizado deve ser longo e flexível, segundo Bonn. Ele usou o mais longo polímero conhecido, com o nome complicado de polietilenóxido.
    São várias as aplicações industriais. Este ano já deverão chegar ao mercado norte-americano um herbicida e um pesticida contendo a substância. O polímero será usado também em cartuchos para impressoras de jato de tinta e remédios na forma de aerossóis.