Desenvolvimento do álcool

A bandeira do combustível menos poluente também é erguida pelos partidários do álcool. Embora não seja considerado limpo como o hidrogênio, o combustível é apontado como alternativa para conter as emissões de dióxido de carbono, CO2, principal causador do efeito estufa na atmosfera. Não que a queima do álcool não produza o gás. Mas, diferente do hidrocarboneto, como é obtido da cana as plantações se encarregariam de extrair o CO2 liberado no processo da fotossíntese. No fim das contas, dizem os técnicos, o balanço de emissões é zero.

Além das vantagens ambientais, o álcool surge como alternativa ao petróleo pelo avanço na produtividade, apesar de ainda possuir rendimento energético 30% inferior ao da gasolina. Em 1975, de cada tonelada de cana, obtinha-se 73 litros de álcool. Vinte anos depois, já eram 83 litros. De acordo com Maurício Tolmasquim, coordenador do Programa de Planejamento Energético da Coppe, isso aconteceu porque as técnicas de extração foram aprimoradas e porque a cana passou por melhoramento genético. Outro dado, segundo ele, se sobrepõe a este. De 1985 para 1995, a produtividade por hectare de cana plantado subiu de 79 toneladas para 85 toneladas. Hoje, a produção está em torno de 70 milhões de hectares por ano.

Houve ganho técnico também no aproveitamento da matéria-prima. No álcool, é 100% aproveitável. Depois de extraído o caldo de cana, o bagaço alimenta caldeiras de termelétricas locais. Tanto que, hoje, todas as usinas de açúcar brasileiras são auto-suficientes, segundo a Cooperativa de Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Coopersucar). O vinhoto, resto altamente poluente, virou fertilizante.

Nas termelétricas de cana, atualmente a geração de energia total está em torno de 1.200 megawatts de capacidade instalada - suficientes para iluminar uma cidade com o Rio, com 12 milhões de habitantes. É muito, mas ainda há espaço para crescer. De acordo com Marco Antônio Azzolini, gerente de produtos da Coopersucar, o potencial de geração de excedente dos canaviais é de 6 mil megawatts, 10% da potência instalada nacional.