Hidrogênio, o caminho ideal

Um combustível abundante, ecologicamente correto e mais eficiente, o hidrogênio reúne o sonho de ambientalistas, fabricantes de veículos e consumidores. Obtido - por processos industriais já desenvolvidos, ainda que sofisticados - a partir do gás natural, da eletrólise da água ou da biomassa vegetal, desponta como a fonte de energia ideal também porque pode ser usada em veículos pesados, como ônibus e caminhões.

O princípio é simples. Ao contrário dos carros a álcool, gasolina, ou mesmo a diesel, com motores a combustão interna, veículos a hidrogênio têm motores elétricos. Não há queima para geração de energia. Usa-se um dispositivo, a pilha a combustível, na qual o hidrogênio reage com o oxigênio do ar para formar moléculas de água. A reação produz energia e vapor d’água.

"A primeira alimenta o motor elétrico e o segundo é liberado para o ambiente", explica Paulo Emílio Miranda, chefe do Laboratório de Hidrogênio do Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Coppe/UFRJ. A reação é simples e eficaz também do ponto de vista do rendimento. Com o hidrogênio, o aproveitamento é de 45%. Nos motores a combustão interna, 85% a 90% da energia é dissipada sob forma de calor. "Além de menos poluente, é mais econômico", diz.

O problema do hidrogênio é seu armazenamento. Como gás é perigoso, pois em contato com o oxigênio é altamente explosivo. Uma opção seria a forma líquida. Mas para isso, o hidrogênio teria que permanecer a uma temperatura mínima de 253°C negativos, ou estar sob alta pressão, procedimentos ainda caros e inviáveis para um combustível que se pretende popular.

Por isso a equipe de Miranda desenvolve materiais que absorvem átomos de hidrogênio para formarem uma espécie de esponja dentro do tanque. No abastecimento, o elemento seria então absorvido, ficando armazenado com segurança, sem riscos de vazamento. A pesquisa é financiada pela Renault.