Estudo dos Escorpiões

Introdução

 Reino Animalia  /  Filo Arthropoda  /  Classe Arachnida  /  Ordem Scorpiones

    Os escorpiões são artrópodes pertencentes à Classe Arachnida, a mesma das aranhas. Logo, não são insetos, já que não pertencem à Ordem Insecta. Esses animais apresentam corpo dividido em prosoma, ou cefalotórax; e o opistosoma, ou abdome. Essa última estrutura é dividida em mesossoma e metasoma. No primeiro, encontramos cinco pares de olhos, quelíceras, pedipalpos e seus quatro pares de pernas articuladas; e no segundo, este de aspecto semelhante a uma cauda, apresenta seu ferrão (telson), glândulas de veneno e ânus. Em todo o corpo, possuem receptores sensitivos.

    Encontrados em diversos tipos de hábitat, em todo o mundo, estes animais, tal como as aranhas, são importantes no controle populacional de diversos invertebrados e pequenos vertebrados. É um eficiente predador graças a seus fortes pedipalpos e agilidade – embora possuam uma das taxas metabólicas mais baixas do reino animal.

    Algumas espécies são dotadas de veneno, utilizando essa substância para capturar e imobilizar suas presas. Em casos extremos, lançam mão deste para defesa pessoal. Existem cerca de 1500 espécies de escorpiões em todo o mundo e, dessas espécies, apenas 20 delas são venenosas. Mortes podem ser provocadas em aproximadamente 0,5% dos casos, sendo estas resultantes de paradas cardiorrespiratórias. Idosos e crianças são as principais vítimas.

    Escorpiões de importância médica

    No Brasil, escorpiões do Gênero Tityus são os de importância médica. Tityus serrulatus, T.bahiensis, T.stigmurus e T.paraensis são os principais, sendo os três primeiros, os escorpiões amarelos, os maiores responsáveis por acidentes. Vale frisar que esses animais não são agressivos, e que os acidentes ocorrem geralmente por distração da vítima, ao calçar sapato com o animal dentro, virar troncos sem luvas, ou pisar em terrenos propícios, sem a devida proteção.

    Tityus serrulatus – Escorpião amarelo

• Encontrado em grande parte do Brasil, principalmente nas regiões Central, Sul e Sudeste.
• Possui coloração amarela, com toda a região dorsal mais escura.
• Possui uma serrilha no penúltimo segmento antes do télson, ajudando na sua identificação.
• Pode atingir 7 cm de comprimento.

    Tityus stigmurus – Escorpião amarelo do Nordeste

• Encontrado na região Nordeste do Brasil, porém já é encontrado em São Paulo, no Paraná e em Santa Catarina.
• Possui coloração amarela com uma faixa escura na linha média dorsal, e um triângulo escuro no cefatórax.
• Pode atingir 7 cm de comprimento.

Tityus serrulatus

Tityus stigmurus

    Tityus bahiensis – Escorpião marrom

• Encontrado nas regiões Central, Sul e Sudeste do Brasil.
• Possui coloração marrom avermelhada, e pernas amareladas com manchas escuras.
• Pode atingir 7 cm de comprimento.

    Tityus obscurus – Escorpião preto da Amazônia

• Encontrado na região Norte do Brasil.
• Possui coloração avermelhada escura, dando a impressão de que é preto.
• Pode atingir mais de 12 cm de comprimento.

Tityus bahiensis

Tityus obscurus

    O veneno causa, além de dor local, uma ferida discreta; mas que pode evoluir, em poucas horas, a sintomas como sudorese, náuseas, arritmia cardíaca, tremores, dentre outros. Sua gravidade está relacionada à proporção entre quantidade de veneno injetado e massa corporal do indivíduo picado, além de sua situação imunológica. O tratamento consiste no uso de anestésicos locais e, em situações mais sérias, soro específico.

    Ao ser picada por um escorpião, a pessoa deve procurar imediatamente um hospital especializado. Lá será feita a aplicação de medicamentos no local da picada para o alívio da dor e, em casos mais graves, a aplicação de soro antiescorpiônico.

    Para evitar acidentes, é importante evitar o acúmulo de entulhos em ambiente domiciliar, limpeza periódica da residência, manter o jardim com grama aparada e sem excesso de folhas no chão e manejo correto do lixo. Em zonas rurais ou propícias à ocorrência destes animais, é necessário sacudir roupas e calçados antes de usá-los; utilizar luvas de raspa de couro ao manejar madeira, troncos ou buracos; e sempre andar com os pés protegidos.

    Características principais

    No Brasil existem cerca de 140 espécies. Seu tempo de vida parece situar-se entre 4 a 25 anos, sendo o de 25 anos o tempo de vida máximo já registrado para a espécie H. arizonensis. Suportam uma temperatura entre 20°C e 37°C, mas sobrevivem bem em temperaturas de 0°C a 56°C. Possuem condições adaptadas para viver no clima do deserto, suportam muito bem a sua alta temperatura diária que fica na ordem dos 40°C.

    Os escorpiões são carnívoros e têm geralmente hábitos de sair de noite, quando caçam e se reproduzem. Detectam suas presas por vibrações no ar, no solo e sinais químicos, todos detectados por pelos sensíveis distribuídos principalmente nas suas pinças e patas. Sua alimentação é baseada principalmente em insetos e aranhas, mas podem se alimentar de outros escorpiões (o canibalismo é uma prática comum entre todos os aracnídeos).

    Normalmente usam seu veneno para imobilizar a presa, que também serve para pré digerir os órgãos internos e vísceras da mesma. Como acontece com as aranhas, eles não conseguem ingerir material sólido, portanto sugam todo o líquido da presa deixando o seu exoesqueleto.

    Em sua grande maioria, a reprodução é sexuada e exige os gametas masculinos e femininos, porém em algumas espécies a reprodução monóica (partenogênese) se faz presente. Neste processo não exige a presença de machos e mesmo assim os óvulos não fecundados dão origem a embriões vivos.

    Na reprodução sexuada ocorre a dança nupcial, onde o macho primeiro limpa o chão com seus pentes e ali deposita o espermatóforo, uma espécie de bolsa cheia de espermatozóides e em seguida ele arrasta a fêmea para cima desta bolsa para que ela receba os espermatozóides.

Escorpião se alimentando

Fêmea com filhotes nas costas

    Existem algumas espécies de escorpiões que são vivíparas, ou seja, que se desenvolve dentro do corpo da fêmea em uma placenta, mas a grande maioria é ovovípara, que se desenvolve em um ovo dentro do corpo da fêmea e que durante o nascimento, eclode internamente.

    O tempo de gestação varia de 2 meses até 2 anos e podem nascer de 6 até 90 filhotes, mas tudo depende da temperatura, alimentação da fêmea e da espécie. Os filhotes nascem completamente brancos e permanecem aderidos ao dorso da mãe por mais ou menos 15 dias, até completarem a primeira muda e assim já podem buscar sozinhos seu próprio alimento.

    Característico dos escorpiões é sua cauda estrutura cilíndrica contendo um espinho na ponta, o ferrão e duas glândulas de veneno. O veneno de todos os escorpiões possuem efeito neurotóxico, agindo no sistema nervoso.

    Sua picada é muito dolorosa e provoca dor intensa em forma de pontadas no local da picada e se dissipa por todo corpo. Em crianças, idosos e pessoas debilitadas, se não for socorrido a tempo a picada pode ser fatal, fazendo com que a vítima morra por parada respiratória.

    O tratamento contra a picada do escorpião é primeiramente um anestésico para o alívio da dor e soro antiescorpiônico (obtido através de escorpiões vivos). Todo o tratamento deve ser hospitalar, de preferência com a apresentação do escorpião para facilitar o diagnóstico e o tratamento.

    Ferrão e toxinas

    No fim da cauda do escorpião existe um segmento chamado telson e as glândulas de veneno, é o chamado ferrão. Seu veneno contém substâncias neurotóxicas, enzimas, histaminas, entre outras. Todos os escorpiões produzem substâncias tóxicas, mas menos de 30 espécies podem causar a morte em humanos.

    Tityus serrulatus

    O Tityus serrulatus (Escorpião Amarelo) é a espécie encontrada com maior frequência, o detalhe é que esse escorpião por natureza ataca o homem ao se sentir ameaçado. No Brasil está presente em praticamente todas as regiões e nos últimos anos vem sendo encontrado com facilidade e maior frequência dentro das residências. Por ser uma espécie muito agressiva, pode levar ao desaparecimento de outras espécies de escorpiões devido à competição.

    A recomendação é manter os quintais limpos e livres de restos de construção como entulhos, tijolos, telhas e tábuas, também deve ser observado os locais onde é feito o armazenamento do lixo doméstico até um destino final, pois este atrai insetos que servem de alimento para os escorpiões, deve-se fazer constantemente a poda de gramados e jardins, limpando as folhas e cascas de árvores a fim de que sirvam como abrigos para escorpiões.

    Classificação científica do Tityus serrulatus (Escorpião Amarelo). Principal espécie encontrada no Brasil:

    Reino: Animalia  /  Filo: Arthropoda  /  Classe: Arachnida  /  Ordem: Scorpiones  /  Família: Buthidae  /  Gênero: Tityus  /  Espécie: T. serrulatus

    Predadores naturais

    Os escorpiões têm com inimigos naturais e predadores, as aves, alguns répteis como cobras e alguns lagartos, aranhas e até algumas formigas. Na cadeia alimentar, os escorpiões são ótimos controladores de insetos, como grilos e gafanhotos e até alguns aracnídeos, como as aranhas.

    São muitos os animais que gostam de se alimentar de escorpiões, como a lacraia, louva-deus, macacos, aranhas, sapos, lagartos, seriemas, suricatos, corujas, gaviões, quatis, galinhas, camundongos e algumas espécies de formigas.

Lacraia caçando escorpião

Suricato se alimentado

Galinha-d'angola

    Acidentes com escorpiões

    Segundo o Ministério da Saúde, entre 2000 e 2016 o número de vítimas de picadas desses animais cresceu 628,8%, passando de 12.552 para 91.485. O aumento do número de mortes foi maior ainda, 853,8%, saltando de 13 para 124, geralmente crianças ou idosos, no mesmo período.

    A quase totalidade desses acidentes é causada pelas quatro espécies mais conhecidas: escorpião-amarelo (Tityus serrulatus), escorpião-amarelo-do-nordeste ou escorpião-do-nordeste (Tityus stigmurus), escorpião-preto (Tityus bahiensis) e escorpião-grande (Tityus obscurus). Segundo a bióloga Denise Candido, do Laboratório de Artrópodes do Instituto Butantan, entre e 80% e 90% das picadas registradas no Brasil são das duas primeiras dessas quatro espécies.

    As causas para o aumento do número de acidentes envolvendo escorpiões são bem conhecidas. "Isso certamente está relacionado ao crescimento populacional desse artrópode, que se adaptou muito bem ao ambiente urbano, onde encontra abrigo, alimento, e pouco inimigos naturais", explica o biólogo Antonio Carlos Lofego, do Departamento de Zoologia e Botânica da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em São José do Rio Preto.

    Esse aumento do número de escorpiões e, consequentemente, dos acidentes, se deve ao crescimento urbano desordenado, com as cidades se expandindo a custa de desmatamentos. "Esses animais estão onde sempre estiveram, onde eles ocorrem naturalmente", explica. "Além de abrigo, eles encontram no nosso lixo muitas baratas, que são suas presas. Nessas condições, eles podem se reproduzir com muita facilidade."
 

    Populações mais expostas

    Os grupos considerados mais vulneráveis são os trabalhadores da construção civil, crianças e pessoas que permanecem maiores períodos dentro de casa ou nos arredores e quintais. Ainda nas áreas urbanas, estão sujeitos os trabalhadores de madeireiras, transportadoras e distribuidoras de hortifrutigranjeiros, por manusearem objetos e alimentos onde os escorpiões podem estar alojados.

    A grande maioria dos acidentes com escorpiões é leve e o quadro local tem início rápido e duração limitada. Os acidentados apresentam dor imediata, vermelhidão e inchaço leve por acúmulo de líquido, piloereção (pelos em pé) e sudorese (suor) localizadas, cujo tratamento é sintomático.

    As crianças abaixo de sete anos apresentam maior risco de apresentar sintomas longe do local da picada, como vômito e diarreia, principalmente nas picadas por escorpião-amarelo, que podem levar a casos graves e requerem a aplicação do soro em tempo adequado.

    O que fazer em caso de acidente?

    A recomendação é ir imediatamente ao hospital de referência mais próximo. Se possível, levar o animal ou uma foto para identificação da espécie, permitindo assim uma avaliação mais eficaz sobre a gravidade do acidente.

    É importante lembrar que não é em todo caso de acidente que o soro será indicado, e apenas o profissional de saúde poderá fazer essa avaliação. O antiveneno é indicado em casos moderados ou graves. Limpar o local da picada com água e sabão pode ser uma medida auxiliar, desde que não atrase a ida ao serviço de saúde.

    A picada de escorpião, na maioria das vezes, causa poucos sintomas, como vermelhidão, inchaço e dor no local da picada, entretanto, alguns casos podem ser mais graves, causando sintomas generalizados, como enjoo, vômitos, dor de cabeça, espasmos musculares e queda da pressão, havendo, até, risco de morte.

    Em caso de picada de escorpião, os primeiros socorros são:

    1. Lavar o local da picada com água e sabão;
    2. Manter o local da picada voltado para cima;
    3. Não cortar, furar ou apertar o local da picada;
    4. Beber bastante água;
    5. Ir o mais rápido possível a um pronto-socorro ou ligar para o SAMU 192.

    Os tipos de escorpião mais perigosos são o escorpião amarelo, marrom, amarelo do nordeste e escorpião preto da Amazônia, mas a gravidade do quadro depende, também, da quantidade de veneno que foi injetada e da imunidade de cada pessoa.

    Principais sintomas da picada

    Os sintomas da picada de escorpião são dor e inflamação no local da picada, com vermelhidão, inchaço e calor local que dura de algumas horas até 2 dias, mas, em casos podem acontecer sintomas mais graves, como:

    • Enjoo e vômitos;
    • Tontura;
    • Dor de cabeça;
    • Tremor e espasmos musculares;
    • Suor;
    • Palidez;
    • Sonolência ou agitação
    • Pressão baixa ou pressão alta;
    • Batimentos cardíacos acelerados ou fracos;
    • Falta de ar.

    Em casos muito raros, a picada de escorpião pode causar até arritmias e parada cardíaca, que podem levar a morte, se a pessoa não for rapidamente atendida e tratada.

    Como é feito o tratamento

    Para aliviar a dor e a inflamação no local da picada, é recomendada a aplicação de compressas com água morna, e o uso de analgésicos ou anti-inflamatórios, como dipirona ou ibuprofeno, por exemplo, receitados pelo médico.

    Em pacientes com sintomas mais graves, é necessário o uso do soro antiescorpiônico, que será prescrito pelo médico do pronto atendimento, para cortar o efeito do veneno no organismo. Nestes casos, também é feita a hidratação com soro fisiológico na veia e observação por algumas horas, até os sintomas terem desaparecido.

    Como evitar a picada de escorpião

    Para prevenir a picada de escorpião, é recomendado tomar alguns cuidados em casa, como:

    • Manter a casa limpa, retirando acúmulos de sujeira atrás de móveis, cortinas e tapetes;
    • Limpar o quintal ou jardim, para evitar acúmulo de entulhos e lixo nestes locais;
    • Evitar andar descalço ou colocar as mãos em buracos ou frestas;
    • Manter animais como galinha, coruja, gansos ou sapos no quintal, pois são predadores dos escorpiões;
    • Inspecionar roupas e calçados antes de usá-los.

    A limpeza é importante, pois, locais sujos, com infestação de baratas e ratos, por exemplo, atraem mais facilmente animais peçonhentos como, escorpiões, aranhas e cobras.
 

Principais fontes de pesquisa

https://www.tuasaude.com
http://www.saude.gov.br
https://saocarlosemrede.com.br
https://www.infoescola.com
https://www.bbc.com
https://escolakids.uol.com.br
http://cienciasbionaturais.blogspot.com
https://brasilescola.uol.com.br
https://www.infoescola.com
https://www.sitedecuriosidades.com