Ondas Eletromagnéticas
Juan Gongora Lima De Oliveira, Vitor Daniel Nogueira Souza e Vitor Hugo Araújo Motta
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As
ondas eletromagnéticas são resultados das combinações de campos elétricos com campos
magnéticos. Foi graças à descoberta das propriedades dessas ondas que hoje em
dia podemos ouvir músicas ou notícias nos rádios, assistir a programas de TV,
aquecer alimentos no micro-ondas, acessar à internet e mais uma infinidade de
coisas.
Foi o físico escocês James C. Maxwell, no séc. XIX, o primeiro a demonstrar que a oscilação de uma carga elétrica dá origem a campos magnéticos. Estes, por sua vez, dão origem a campos elétricos, assim como a variação de fluxo de campos elétricos dá origem a campos magnéticos. Essa interação é responsável pelo surgimento das ondas eletromagnéticas.
Maxwell partiu das
Leis de Ampere, Faraday e Coulomb para relacionar diversas equações que
atualmente são conhecidas como equações de Maxwell. Essas equações permitiram
que ele fizesse a previsão da existência das ondas eletromagnéticas. A
confirmação da existência dessas ondas foi feita apenas depois de nove anos
pelo físico alemão Heinrich Hertz, que conseguiu obter ondas eletromagnéticas
com todas as características já descritas por Mawell, que morreu antes de ver a
confirmação das suas teorias.
Uma das principais
contribuições de Maxwell foi a de que a velocidade das ondas eletromagnéticas
no vácuo era igual a 3.108 m/s (300 000 km/s), que era a mesma velocidade já obtida
para a propagação da luz. Essa descoberta fez com que Maxwell suspeitasse que a
luz era um tipo de onda eletromagnética, o que foi confirmado por Hertz alguns
anos mais tarde.
Uma evidência de
que a luz é uma onda eletromagnética é o fato de a luz do sol chegar até a
Terra apesar da longa distância e da inexistência de um meio material no espaço
de propagação.
Em face de todas
as suas contribuições, Maxwell é considerado tão importante para o
eletromagnetismo como Isaac Newton é para a mecânica.
Características das ondas eletromagnéticas
As características
das ondas eletromagnéticas são as seguintes:
São formadas pela combinação de campos elétricos e magnéticos variáveis;
O campo elétrico
e o campo magnético são perpendiculares;
O campo elétrico
e o magnético são perpendiculares à direção de propagação, o que significa que
são ondas transversais;
A velocidade de
propagação dessas ondas no vácuo é c = 3 . 108 m/s;
Ao propagar em meios materiais, a velocidade obtida é menor do que quando a propagação ocorre no vácuo.
Espectro eletromagnético
O espectro eletromagnético é onde estão representadas as faixas de frequências ou comprimentos de ondas que caracterizam os diversos tipos de ondas eletromagnéticas, como a luz visível, as micro-ondas, as ondas de rádio, radiação infravermelha, radiação ultravioleta, raios x e raios gama.
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Todas essas ondas propagam-se à mesma velocidade
quando estão no vácuo.
O comprimento de uma onda eletromagnética é que determina
seu comportamento. Ondas de alta frequência são curtas, e as de baixa
frequência são longas. Se a onda interage com uma única partícula ou molécula,
seu comportamento depende da quantidade de fótons que ela carrega.
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Faixa visível ao olho humano |
Desde a
elaboração das leis de Maxwell, por James C. Maxwell, até os dias atuais têm
ocorrido grandes evoluções no ramo de estudo das ondas eletromagnéticas. Hoje
já se tem conhecimento de vários tipos de ondas eletromagnéticas, mas todas
elas pertencem à mesma natureza, ou seja, são constituídas de campos elétricos
e campos magnéticos. O espectro eletromagnético é o intervalo completo
da radiação eletromagnética que contém as ondas de rádio, as microondas, o
infravermelho, os raios X, a radiação gama, os raios violeta e a luz visível ao
olho humano.
De forma geral, os vários tipos de ondas eletromagnéticas diferem quanto ao
comprimento de onda, fato esse que modifica o valor da frequência, e também da
forma com que elas são produzidas e captadas, ou seja, de qual fonte elas
originam e quais instrumentos são utilizados para que se possa captá-las. No
entanto, todas elas possuem a mesma velocidade, ou seja, v = 3,0 x 108m/s
e podem ser originadas a partir da aceleração de cargas elétricas.
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* Ondas curtas → 107
Hz a 109 Hz;
* Ondas médias → 106;
* Ondas longas → 100 Hz a 105 Hz. |
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Micro-ondas
São ondas de frequência bem mais elevadas que as frequências das ondas de rádio. Essas ondas possuem frequências compreendidas entre 108 Hz e 1011 Hz. Hoje essas ondas são utilizadas amplamente na fabricação dos aparelhos de micro-ondas como também nas telecomunicações, transportando sinais de TV via satélite ou transmissões telefônicas.
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Radiação infravermelha
A radiação infravermelha (IV) é uma radiação não ionizante na porção invisível do espectro eletromagnético que está adjacente aos comprimentos de onda longos, ou final vermelho do espectro da luz visível. Ainda que em vertebrados não seja percebida na forma de luz, a radiação IV pode ser percebida como calor, por terminações nervosas especializadas da pele, conhecidas como termorreceptores.
A radiação infravermelha foi descoberta em 1800 por William Herschel, um astrónomo inglês de origem alemã. Herschel colocou um termômetro de mercúrio no espectro obtido por um prisma de cristal com a finalidade de medir o calor emitido por cada cor. Descobriu que o calor era mais forte ao lado do vermelho do espectro, observando que ali não havia luz. Esta foi a primeira experiência que demonstrou que o calor pode ser captado em forma de imagem, como acontece com a luz visível.
Esta radiação é muito utilizada nas trocas de informações entre computadores, celulares (telemóveis) e outros equipamentos eletrônicos.
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Obtenção de imagens térmicas com radiação infravermelha |
Radiação Visível
As ondas
eletromagnéticas que possuem frequência compreendida entre 4,6 x 1014
Hz e 6,7 x 1014 são de extrema importância para nós, seres humanos,
pois elas são capazes de sensibilizar nossa visão, essas são as chamadas
radiações luminosas, ou seja, a luz. As radiações luminosas possuem um pequeno
espaço no espectro eletromagnético. Sendo assim, os olhos humanos não conseguem
ver o restante das radiações que compõe o espectro eletromagnético.
Radiação Ultravioleta
As frequências dessa radiação são superiores
às da região visível ao olho humano. Essas radiações são emitidas pelos átomos
quando excitados como, por exemplo, em lâmpadas de vapor mercúrio (Hg),
acompanhando a emissão de luz. Por não serem visíveis os raios ultravioletas
podem causar sérios danos à visão humana.
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Radiação Visível |
Radiação Ultravioleta |
Raios X
Os
raios X são emissões eletromagnéticas de natureza semelhante à luz visível. O
seu comprimento de onda vai de 0,05 ângström (5 pm - picômetros) até dezenas de
angstrons (1 nm - nanómetro).
Os raios X foram descobertos no dia 8 de novembro de 1895, por um físico alemão chamado Wilhelm Conrad Röntgen. A descoberta ocorreu quando Röentgen estudava o fenômeno da luminescência produzida por raios catódicos num tubo de Crookes. Todo o conjunto foi envolvido por uma caixa com um filme negro no seu interior e guardado numa câmara escura. Próximo à caixa, havia um pedaço de papel recoberto de platino cianeto de bário.
Röentgen percebeu que quando fornecia energia cinética aos elétrons do tubo, estes emitiam uma radiação que marcava a chapa fotográfica. Intrigado, resolveu colocar entre o tubo de raios catódicos e o papel fotográfico alguns corpos opacos à luz visível. Desta forma, observou que vários materiais opacos à luz diminuíam mas não eliminavam a chegada desta estranha radiação até à placa de platino cianeto de bário. Isto indicava que a radiação possuía um alto poder de penetração. Após exaustivas experiências com objetos inanimados, Röntgen pediu à sua esposa que posicionasse sua mão entre o dispositivo e o papel fotográfico.
O resultado foi uma foto que revelou a estrutura óssea interna da mão humana. Esta foi a primeira radiografia, nome dado pelo cientista à sua descoberta.
Raios gama
Radiação gama ou raio gama é um tipo de radiação eletromagnética produzida geralmente por elementos radioativos ou processos subatômicos.
Este tipo de radiação tão energética também é produzida em fenômenos astrofísicos de grande violência. O seu comprimento de onda pode varia desde alguns picômetros até comprimentos muito menores.
Por causa das altas energias que possuem, os raios gama constituem um tipo de radiação ionizante capaz de penetrar na matéria mais profundamente que a radiação alfa ou beta. Devido à sua elevada energia, podem causar danos no núcleo das células, por isso usados para esterilizar equipamentos médicos e alimentos.
Raios cósmicos
Os raios cósmicos são partículas extremamente penetrantes, dotadas de alta energia, que se deslocam a velocidades próximas à da luz no espaço sideral. Portanto, raios cósmicos não são raios, mas partículas.
Essas partículas, ao chegarem à Terra, colidem com os núcleos dos átomos da atmosfera, a cerca de 10 mil metros acima da superfície do planeta, e dão origem a outras partículas, formando uma “chuva” de partículas com menos energia, os chamados raios cósmicos secundários.
O número de partículas que chegam ao nível do mar, em média, é de uma partícula por segundo em cada centímetro quadrado.
Os raios cósmicos secundários são inofensivos à vida na Terra, mas os raios cósmicos primários são perigosos para os astronautas no espaço.
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Raios gama |
Raios cósmicos |
Quando objetos condutores em forma de barra possuem uma carga líquida, por exemplo, estas buscarão as extremidades opostas, devido à repulsão eletrostática entre cargas de mesmo sinal. Isto ocorre devido à tendência natural de cargas elétricas de mesmo sinal é de ocuparem regiões de maior distância possível umas das outras, de modo a minimizar a diferença de potencial eletrostático, causando um efeito chamado de blindagem eletrostática. como cascas esféricas tem carga líquida, estas se distribuirão na superfície externa da mesma.
As ondas eletromagnéticas são
propagações das vibrações do campo elétrico e
do campo magnético,
que acontecem uma perpendicular à outra. Cada uma delas em si é uma onda transversal. Ou
seja, num sistema de coordenadas, se a oscilação é na vertical, a direção de
propagação será na horizontal, por exemplo. O mesmo acontece com o campo
magnético, que também oscila perpendicularmente ao campo elétrico. Em suma,
os três vetores, campo elétrico, campo magnético e o vetor de Poynting, são
perpendiculares entre si. O vetor de Poynting é aquele que dá a direção de
propagação da onda, conforme mostra a figura abaixo.
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Todas as frequências da radiação
eletromagnética assumem basicamente esta forma. Sendo assim, esta onda pode
interagir com os campos elétricos dos objetos, especialmente os metálicos.
Isto porque os metais tem
elétrons que podem se locomover ao longo da rede cristalina, dependendo da
orientação do campo elétrico no local. Esta interação é aproveitada para a
transmissão de informações, comumente utilizadas pelas estações emissoras de
rádio, de TV, celulares, enfim, são várias as faixas de frequências,
portanto, varias são as utilizações práticas.
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Devido à
facilidade que os metais têm em fazer variar o
campo elétrico dos objetos metálicos, estes podem servir também como
obstáculos para a propagação destas ondas. Depende da ordem do comprimento de
onda da radiação incidente, e do tamanho dos espaçamentos livres no objeto
metálico, de modo que a onda pode passar sem interagir. Ao efeito de
blindagem da onda eletromagnética, dá-se o nome de Gaiola
de Faraday. Este fenômeno pode ser
facilmente observado.
As ondas de celular operam na faixa de frequências de 800MHz a 1800MHz, ou seja, 8×108 a 1,8×109 Hz. O comprimento de onda varia entre 0,17m e 0,375m (entre 17cm e 37,5cm). Deste modo, se tiver uma gaiola formada por ligas metálicas formando malhas cujo comprimento e largura sejam inferiores a 17cm, barraria as ondas incidentes. Desta forma, impediria o funcionamento do dispositivo, que recebe e envia ondas com a faixa de comprimentos de onda citados. Para fazer o teste é muito simples. Se envolver o celular com um papel alumínio, este não funcionará corretamente. Neste caso, a oscilação do campo elétrico faz com que os elétrons do papel alumínio recebam a energia da onda incidente, não o receptor de celular.
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Gaiola de Faraday |
Espectroscópio
Um espectroscópio é um
instrumento destinado a separar os diferentes componentes de um espectro ótico.
Constitui-se essencialmente de uma fresta
situada no plano focal de um colimador, um prisma ou rede de
difração e um anteparo (tela) onde se projeta (imagem real) o feixe dispersado.
Posteriormente se utilizaram de redes de difração, que consistem num suporte (transparente ou refletor) com ranhuras (linhas) finíssimas, em cada milímetro de extensão podem caber nada menos de 500 a 1000 dessas ranhuras (linhas), que fazem com que, inicialmente, cada cor do feixe de luz incidente se disperse em todas as direções (difração). A seguir, segundo direções determinadas desse feixe difratado, cores iguais (comprimentos de ondas iguais) sofrem interferência construtiva e se reforçam (somam geometricamente suas amplitudes) e em outras direções sofrem interferência destrutiva. O resultado final é equivalente a aquele obtido mediante o prisma, a saber, a decomposição de um feixe de luz policromática em seus componentes monocromáticos, porém desta vez, com maior eficiência, quer dizer, com melhor e mais uniforme separação dos mesmos.
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Espectroscópio |
Espectros de emissão
Abaixo ilustramos os
espectros de emissão de alguns elementos químicos:
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Temperatura de Cor
Todas as substâncias com temperatura acima do
zero absoluto ou -273ºC emitem radiação com frequência proporcional à
temperatura absoluta do emissor. Por exemplo, a Terra emite energia radiante com
frequência menor do que a emitida pelo Sol, que possui temperatura muito mais
alta.
O Sol emite radiação devido às reações nucleares em seu
interior e essa energia chega até a Terra com frequências na faixa do espectro
visível, do ultravioleta e do infravermelho.
A radiação infravermelha é também chamada de radiação
térmica, pois em contato com nossa pele, por exemplo, produz a sensação de
calor, assim como carvão em brasa e o filamento de uma lâmpada produzem.
A Terra também emite radiação na faixa do infravermelho e,
geralmente, é chamada de radiação terrestre.
Corpos a temperatura muito elevadas, como a
lava de um vulcão, emitem luz vermelha intensa que passa por um vermelho mais
fraco, por um alaranjado e vai até o branco conforme a temperatura se eleva. Em
uma vela, por exemplo, as cores vão do branco, passando pelo azul, amarelo,
laranja até um castanho, do centro para a periferia da chama.
Vejamos na tabela abaixo algumas cores emitidas em certas
temperaturas.
temperatura (ºC) |
frequência (Hz) |
comprimento de onda (m) |
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vermelho |
|||
laranja |
|||
amarelo |
|||
acima de 10000 |
branco |
Disco de Newton
Disco de Newton é um dispositivo utilizado
em demonstrações de composição de
cores.
Recebeu esse nome pelo fato do físico e matemático inglês
Sir Isaac
Newton ter descoberto que a luz branca do Sol é composta pelas
cores do arco-íris.
Ao entrar em movimento, cada cor do disco de Newton se sobrepõe em nossa retina, dando a sensação de mistura. Com velocidade suficientemente rápida e com as cores corretas o disco dá a ilusão de ficar de coloração acinzentada ou esbranquiçada.
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A radioatividade tem larga
aplicação em nossa sociedade; portanto, na medicina não poderia ser diferente.
A forma de radiação mais conhecida em diagnósticos médicos é a radiografia dos
ossos através do uso de raios X. Além disso, usam-se isótopos para diagnósticos,
tratamentos e detecção de drogas e hormônios no organismo.
Na medicina, é comum introduzir no organismo de
alguns pacientes radioisótopos artificiais, denominados radiotraçadores.
Eles recebem esse nome porque, ao serem transportados pelo corpo da pessoa,
emitem radiações que permitem seu monitoramento, sabendo por onde passaram e
onde se depositaram. Isso permite que o radiologista faça um mapeamento de
órgãos.
Um exemplo de radioisótopo é o iodo-131 que é usado
no tratamento de câncer de tireoide, pois, por se acumular nesse órgão, suas
radiações gama destroem as células cancerígenas. Abaixo temos um quadro com
exemplos de outros radioisótopos e sua utilização na medicina:
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Além disso, é possível produzir imagens para os médicos analisarem, pois as radiações beta e gama incidem sobre filmes fotográficos. As imagens também são geradas por radioisótopos emissores de pósitrons e assim é possível detectar se a lesão em questão é benigna ou maligna.
Um tomógrafo usado para esse fim é o PET, sigla que
vem do inglês, pósitron emissiontomography, isto é, Tomografia por
Emissão de Pósitron. O paciente submetido a esse exame recebe uma injeção com
radioisótopo emissor de pósitron ligado a uma molécula que tem afinidade com o
órgão do paciente que será estudado. Normalmente o radioisótopo utilizado é o
flúor-18 com período de meia-vida de apenas 108 min. Ao redor do paciente
estarão detectores de radiação que detectarão a emissão de ondas
eletromagnéticas dos pósitrons que colidem com os elétrons. Dessa forma, o
órgão é mapeado.
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É claro que para cada caso deve haver uma avaliação médica criteriosa que decidirá se o benefício será maior que o risco, visto que a radiação também pode danificar células boas.