A expansão ultramarina

José Tadeu Cordeiro

 

 

Depois do desenvolvimento das forças produtivas, provocadas pelo feudalismo, nos séculos XI ao XIII, a Europa enfrentou, no século XIV, duas catástrofes: de um lado a Peste Negra, responsável pela morte de 1/3 da população européia e, de outro, a Guerra dos Cem Anos (1337-1453) entre França e Inglaterra, luta pelo acesso ao trono francês, que além de muitas mortes, dificultou o abastecimento às cidades do Norte da França.

 

       Essas duas crises conjugadas, levou a uma crise na oferta de mão de obra na Europa, com menor produção, principalmente na área de metais preciosos. Como os artigos produzidos na Europa, principalmente tecidos e produtos agrícolas, não tinham o mesmo valor que as mercadorias orientais (especiarias) criou-se uma crise no sistema de trocas entre o Ocidente e Oriente que afetava o comércio externo.

 

       Além de especiarias, a Europa importava goma e tintas necessárias à indústria têxtil, o que tornava mais deficitário o comércio de Flandres e Inglaterra com as cidades mediterrânicas. Esta dificuldade aumentou com a tomada de Constantinopla pelos turcos (1453), devido ao aumento abusivo de preços.

 

       A crise comercial levou a Europa a movimentar-se em busca de novas oportunidades de comércio e de novas rotas comerciais.

 

       Portugal, situado no encontro com o Oceano Atlântico, lançou-se primeiro na aventura ultramarina, devido principalmente:

 

a)ter um Estado Nacional centralizado, e desde 1383, a Dinastia de Avis tem o apoio da burguesia comercial;

 

b)ter desenvolvido uma prática comercial com o apoio firme do Estado, criou-se ali uma espécie de seguro marítimo, que encorajava o investimento da burguesia internacional;

 

c)desenvolveu e aproveitou novas tecnologias no campo da navegação, além de sua localização geográfica privilegiada, a meio caminho entre as cidades mediterrânicas italianas e os centro consumidores e produtores no Norte da Europa.

                

O início da expansão ultramarina portuguesa ocorreu com a tomada de Ceuta (1415) no Norte da África. Esta cidade, dominada pelos árabes, possuía um rico comércio de especiarias e ouro com as cidades do Mediterrâneo.

 

A Igreja Romana justificava a invasão e o saque como um meio de castigar os infiéis, enquanto os comerciantes procuravam o domínio do comércio das cidades mediterrânicas européias com as cidades das costas africana. No entanto, após a dominação portuguesa, o comércio com Ceuta praticamente deixou de existir.

 

Prosseguindo sua expansão, contornando as costas africanas, os portugueses dominaram as ilhas Madeira, Açores e, em 1443 dominaram o Arquipélago de Arguin, povoado por mouros e mestiços. Este arquipélago serviu os portugueses como uma feitoria, para onde se dirigiam os escravos, as especiarias e o ouro que eram “trocados” na Guiné, no Senegal, em Cabo Verde, Gâmbia e Serra Leoa. A aventura ultramarina recolhia assim, os primeiros dividendos.

 

Em 1488, Bartolomeu Dias passava pelo Cabo das Tormentas, agora transformado em Cabo da Boa Esperança e, finalmente em 1498, Vasco da Gama chegava às Índias.

 

Com a nova rota atlântica para as Índias, monopolizada pelos portugueses, Lisboa transformou-se no entreposto comercial da Europa.

 

Em 1492, Cristóvão Colombo, navegador genovês, navegando a serviço dos reis de Espanha, Fernando e Isabel, chegava a América (12.10.1492). Estabelecia-se assim, uma disputa entre as duas monarquias ibéricas, pelo domínio das terras americanas. Com a intermediação do papa Alexandre VI, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas (1494). Pelo tratado, Portugal ficava com as terras descobertas a Leste de uma linha imaginária a 360 léguas de Cabo Verde, e as terras a Oeste desta linha imaginária pertenceriam a Espanha.

 

Em 1500, sob o comando de Pedro Álvares Cabral, uma esquadra de treze caravelas e 1200 homens aportava em Porto Seguro (22 de abril de 1500), tomando posse das terras brasileiras em nome de Portugal. Em 02 de maio, a esquadra portuguesa, comandada por Cabral, zarpava em direção às Índias, em busca das especiarias que, por quase um século, fez a riqueza portuguesa. Um outro barco, comandado por Gaspar Lemos, dirigiu-se para Portugal, com a notícia do descobrimento.

 

 

Interpretando o texto:

 

1ª Qual a situação européia, antes da expansão ultramarina?

 

2ª O que tornou possível o pioneirismo português nas conquistas ultramarinas?

 

3ª Explique o saque a Ceuta?

 

4ª Qual o plano de viagem dos portugueses? Como compará-lo ao de Colombo?

 

5ª Qual o objetivo das navegações portuguesas?